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Os Fourmi esperam o trem partir |
(...) ... Pela décima ou vigésima vez, caro
amigo, faltamos com nossa palavra de um modo infame. Por mais paciente que você
seja, suponho que já deve estar cansado de nos convidar. A verdade é que dessa
última vez, como das anteriores, não temos desculpa, minha mulher e eu.
Tínhamos lhe escrito dizendo que contasse conosco e que não tínhamos
absolutamente nada para fazer. No entanto, perdemos o trem, como sempre.
Faz quinze anos que perdemos todos os
trens e veículos públicos, façamos o que façamos. É horrivelmente
estúpido, é de um ridículo atroz, mas começo a acreditar que o mal não tem
remédio. Somos vítimas de uma grotesca fatalidade. Não há nada a fazer. Para
pegar o trem das oito, por exemplo, planejamentos nos levantar as três da
manhã, e até passar a noite em claro. Ora, meu amigo, pois no último momento a
lareira se incendiava, no meio do caminho eu torcia o pé, o vestido de Julieta
enganchava em algum espinheiro, acabávamos dormindo na sala de espera, sem que
nem a chegada do trem nem os gritos do funcionário nos acordassem a tempo,
etcétera, etcétera...Da última vez esqueci meu porta-moedas. (...)
(trecho de Os Cativos de Longjumeau, ANTOLOGIA DA LITERATURA FANTÁSTICA, p. 110)
- fotos tiradas no ensaio do dia 15/out/2014 durante improviso dos atores
(trecho de Os Cativos de Longjumeau, ANTOLOGIA DA LITERATURA FANTÁSTICA, p. 110)
- fotos tiradas no ensaio do dia 15/out/2014 durante improviso dos atores
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