sábado, 18 de outubro de 2014

OS CATIVOS DE LONGJUMEAU, de León Bloy




Os Fourmi esperam o trem partir
(...) ... Pela décima ou vigésima vez, caro amigo, faltamos com nossa palavra de um modo infame. Por mais paciente que você seja, suponho que já deve estar cansado de nos convidar. A verdade é que dessa última vez, como das anteriores, não temos desculpa, minha mulher e eu. Tínhamos lhe escrito dizendo que contasse conosco e que não tínhamos absolutamente nada para fazer. No entanto, perdemos o trem, como sempre.

Faz quinze anos que perdemos todos os trens e veículos públicos, façamos o que façamos. É horrivelmente estúpido, é de um ridículo atroz, mas começo a acreditar que o mal não tem remédio. Somos vítimas de uma grotesca fatalidade. Não há nada a fazer. Para pegar o trem das oito, por exemplo, planejamentos nos levantar as três da manhã, e até passar a noite em claro. Ora, meu amigo, pois no último momento a lareira se incendiava, no meio do caminho eu torcia o pé, o vestido de Julieta enganchava em algum espinheiro, acabávamos dormindo na sala de espera, sem que nem a chegada do trem nem os gritos do funcionário nos acordassem a tempo, etcétera, etcétera...Da última vez esqueci meu porta-moedas. (...)

(trecho de Os Cativos de Longjumeau, ANTOLOGIA DA LITERATURA FANTÁSTICA, p. 110)

- fotos tiradas no ensaio do dia 15/out/2014 durante improviso dos atores

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