A dúvida é um estado de espírito polivalente.
Pode significar o fim de uma fé, ou pode significar o começo de outra. Pode
ainda, se levada ao extremo, ser vista como “ceticismo”, isto é, como uma
espécie de fé invertida. Em dose moderada estimula o pensamento. Em dose
excessiva paralisa toda a atividade mental. A dúvida, como exercício
intelectual, proporciona um dos poucos prazeres puros, mas como experiência
moral ela é uma tortura. A dúvida, aliada à curiosidade, é o berço da pesquisa,
portanto de todo conhecimento sistemático. Em estado destilado, no entanto,
mata toda curiosidade e é o fim de todo conhecimento.
VILÉM FLUSSER
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