quarta-feira, 29 de outubro de 2014

OS VENCEDORES DE AMANHÃ, de Holloway Horn

Martin “Knocker” Thompson dificilmente seria um cavalheiro. Fora empresário de duvidosas lutas de boxe e de partidas (amistosas) de pôquer, que já não deixavam a menor dúvida. Faltava-lhe imaginação, mas não esperteza e certa habilidade. Seu chapéu de abas curvas, suas polainas e o pregador de gravata de ouro, em forma de ferradura, poderiam ser mais toscos, mas estava tentando despistar.
Nem sempre a sorte ia favorecê-lo, mas o homem se defendia. A explicação não era difícil: “Para cada tonto que morre, nascem mais dez”


- (...)Quer comprar um jornal? Garanto que não é como os outros.
- Não estou entendendo. Como assim, não é como os outros?
- É o Eco de amanhã à noite – disse o velho calmamente.

- (...)Não quer levar este jornal? Não há outro igual no mundo. Nem haverá, por vinte e quatro horas.
- Claro. Se só vai aparecer amanhã – disse Knocker, sarcástico.
- Tem os vencedores de amanhã – disse o outro com simplicidade.
- Está mentindo.
- Veja você mesmo. Aqui estão eles.
Um jornal saiu da escuridão e os dedos de Knocker o aceitaram, quase com medo. Uma gargalhada retumbou no portão, e Knocker ficou sozinho.
“Quinta-feira, 29 de julho de 1926”, leu.
Pensou um pouco. Hoje era quarta-feira, tinha certeza disso. Pegou uma agenda no bolso e consultou-a. Era quarta-feira, 28 de julho, último dia de corridas de cavalos em Kempton. Não restava dúvida.

(trechos de Os Vencedores de Amanhã, ANTOLOGIA DA LITERATURA FANTÁSTICA, p. 202 – 204)
- foto tiradas no ensaio do dia 27/out/2014 durante improviso dos atores

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