sexta-feira, 12 de junho de 2015

Das confissões de uma mulher sozinha com sua alma.

POR BARBARA RIETHE

Preciso registrar aqui meu desaparecimento. Minha energia está se dissipando no ar, saindo de mim, me deixando em mínimo, em silêncio, em branco. Estou ficando em branco. Ainda não estou, mas estou ficando.
Hoje me faltou o ar muitas vezes. Está cada vez mais recorrente. Sinais disso é que durmo com facilidade, e meus pesamentos já são tão leves que já me pergunto se são meus ou do mundo. Aos poucos, começo a me calar. Não por escolha, mas por erupção interna.
Quem está me levando? Não tem cara nem nome. Deve ter mas não vejo, minha vista também está desaparecendo. Quero ver até onde vai tudo isso... o que vai sobrar de mim, qual será a minha parte elementar... Meu coração, meus pensamentos ou meu corpo?
Uma vez sugaram tanto um bichinho que ele ficou só as orelhas. Orelhas no chão, um parzinho. Teve outro que ficou só o rabinho.
Será que alguém pode me emprestar um pouco de ar? Mas um ar que atravessa? Preciso que me atravessem e que fiquem. Essa coisa de me atravessar e se ir só piora meu estado. Preciso me deitar. Antes, meus rosmaninhos.

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